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André Mendonça se opõe a penas de até 17 anos para réus do 8 de janeiro

André Mendonça se opõe a penas de até 17 anos para réus do 8 de janeiro

André Mendonça se opõe a penas de até 17 anos para réus do 8 de janeiro
André Mendonça se opõe a penas de até 17 anos para réus do 8 de janeiro (Foto: Reprodução)

O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), tem se posicionado de forma contrária às penas severas aplicadas aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.

Ele argumenta que as punições, que chegam a 17 anos de prisão, são excessivas e violam o princípio da proporcionalidade das penas. No entanto, seus apelos não foram acolhidos pelos demais ministros da Corte.


Divergência no Supremo

Desde o julgamento do primeiro réu envolvido na invasão, Mendonça tem se mostrado contrário à interpretação dominante no STF de que os acusados devem ser condenados pelos crimes de golpe de Estado e abolição do Estado democrático de direito simultaneamente. Para ele, esses dois crimes se sobrepõem e um absorveria o outro, evitando a duplicidade de condenações pelo mesmo ato.

Apesar de seu posicionamento, a maioria dos ministros manteve o entendimento de que os réus deveriam ser punidos por ambos os crimes, o que contribuiu para a aplicação de penas mais altas. Um dos condenados, Aécio Lúcio Costa, ex-funcionário da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp), recebeu 17 anos de prisão.

Efeito cascata nas futuras condenações


Interlocutores do Supremo apontam que a preocupação de Mendonça pode estar ligada a um efeito cascata. Com penas elevadas aplicadas a manifestantes considerados massa de manobra, há um precedente para que figuras mais influentes, como o ex-presidente Jair Bolsonaro e seu ex-candidato a vice, Walter Braga Netto, recebam punições ainda mais severas.

Na última terça-feira (18/02), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apresentou denúncia contra Bolsonaro, Braga Netto e outras 32 pessoas, acusando-os de envolvimento direto em uma suposta tentativa de golpe de Estado. Os crimes apontados incluem:

Organização criminosa

• Abolição violenta do Estado democrático de direito

• Golpe de Estado

• Dano qualificado ao patrimônio público

• Deterioração de patrimônio tombado


Entre os principais acusados, há cinco militares de alta patente e dois delegados da Polícia Federal, reforçando a gravidade da denúncia. Segundo a PGR, cada um tinha uma função específica na tentativa de manter Bolsonaro no poder.

Estrutura da suposta organização


De acordo com a denúncia da PGR, a trama foi dividida em cinco núcleos operacionais, com tarefas distintas:


1.Núcleo de comando – Responsável pelo planejamento do golpe, incluindo ministros e generais próximos a Bolsonaro.

2.Núcleo operacional – Implementaria as ordens, incluindo bloqueios de rodovias e ataques contra autoridades.

3.Núcleo de desinformação – Espalharia teorias conspiratórias para minar a credibilidade do sistema eleitoral.

4.Núcleo jurídico – Criaria argumentos legais para dar legitimidade ao movimento golpista.

5.Núcleo de influência – Formado por influenciadores que atacavam militares que não apoiavam a conspiração.


Com a formalização das denúncias e a possibilidade de condenações futuras, o Supremo Tribunal Federal enfrenta uma de suas maiores decisões políticas e jurídicas. Caso Bolsonaro e seus aliados sejam condenados, as penas poderão ultrapassar as já aplicadas aos primeiros réus dos atos de 8 de janeiro.

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